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. Mondlane alerta para novos protestos caso violência contra apoiantes continue

 


Venâncio Mondlane, ex-candidato à presidência de Moçambique, advertiu esta segunda-feira (14/04) que poderá convocar manifestações "cem vezes mais intensas", caso continue a alegada perseguição aos seus apoiantes. A ameaça surgiu após o atentado a tiro contra Joel Amaral, músico e ativista ligado à sua campanha.


Durante um comício realizado em Quelimane, na província da Zambézia, Mondlane criticou duramente o atual governo, acusando-o de ter sido imposto pela força policial. "Estamos à espera de mais uma vítima. Se isso acontecer, vamos ativar o 'Turbo V24 ultra'", declarou diante de milhares de apoiantes, referindo-se a uma fase mais extrema de protestos.


Joel Amaral, também conhecido como MC Trufafa, foi atingido por disparos no domingo, no bairro Cualane 2.º. Segundo o hospital central de Quelimane, a vítima sofreu apenas ferimentos superficiais no couro cabeludo, sem detecção de projéteis, e encontra-se em recuperação nos cuidados intensivos.


Mondlane classificou o ataque como mais um exemplo de "intolerância política". Relembrou ainda que 47 coordenadores da sua organização foram mortos sem que os responsáveis tenham sido levados à justiça, apesar das denúncias feitas à Procuradoria.


Após as eleições gerais de outubro de 2024, Mondlane liderou manifestações massivas contra os resultados, que culminaram em cerca de 390 mortes, de acordo com organizações da sociedade civil. O governo, por sua vez, contabilizou pelo menos 80 vítimas mortais e vastos danos materiais, incluindo a destruição de mais de 1.600 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades de saúde.


Em março deste ano, Mondlane chegou a encontrar-se com o presidente eleito, Daniel Chapo, comprometendo-se com o fim da violência. No entanto, após o ataque a Amaral, questionou a seriedade desse compromisso: "Garantiram-me que as perseguições iriam cessar. Com o que aconteceu ao Joel, estão mesmo a cumprir?"


O histórico de violência pós-eleitoral inclui ainda o assassinato, em outubro passado, de Elvino Dias, assessor jurídico de Mondlane, e de Paulo Cuambe, representante do partido Podemos. Ambos foram alvejados numa emboscada no centro de Maputo, um crime ainda sem esclarecimento.


O Presidente moçambicano reagiu ao caso mais recente, classificando o atentado contra Joel Amaral como "um ato de violência gratuita" e "um ataque à democracia", exigindo uma investigação rigorosa.


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